terça-feira, 22 de outubro de 2013

Skatista salta de telhados de casas e desce até cachoeiras



"Ele é radical. Inova nas manobras, pratica vários esportes e fica bem na foto". Essa é a definição que a designer de moda Camila Neres tem do skatista e especialista em esportes de prancha Bernardo Picorelli, o Bzinho, expert em mountainboard, uma modalidade esportiva que utiliza uma prancha de skate (shape), eixos largos e pneus que se assemelham aos utilizados em carrinhos de bebê e aparadores de grama.
Aos 38 anos, Bzinho que nasceu no Rio de Janeiro, mas mora em Bragança Paulista, acumula os títulos de campeão mineiro, carioca, brasileiro e vice no sul-americano da modalidade, e se transforma em uma unanimidade entre os praticantes. Skatista na década de 80, quando competia nos eventos da União Brasileira de Skate, a paixão pelos board sports (esportes de prancha, como snowboard, skimboard e wakeboard) foi decisiva para Bzinho vencer o Rio Open de Skimboard. Ainda assim ele focou sua carreira no mountainboard.
"O lifestyle dele serve de exemplo para a galera praticar bem várias modalidades com muito estilo", diz a vicentina Camila, que anda de skate e pratica carveboard e se espelha em Bzinho, seu ídolo maior desse esporte "off road".
"A principal diferença entre o mountainboard e o carveboard está basicamente nos "bindings", alças que mantêm fixos os pés dos praticantes na prancha de mountainboard. Dessa forma eles podem conseguir se equilibrar sobre a prancha e realizar manobras em terrenos acidentados", explica o campeão. "A regulagem do eixo – no caso do mountainboard - também é bem mais rígida para que a velocidade seja sustentada com maior facilidade", completa.
"O carveboard por outro lado serve para fazer curvas e 'surfar no asfalto'", explica Bzinho, que pratica a modalidade há cerca de dez anos, mas que não participou do Campeonato Brasil Open de Big Air da modalidade, realizado no último fim de semana no Parque da Juventude, em São Bernardo do Campo, porque tem outros compromissos na mesma data. "Um cara, para viver 100% a sua paixão por esportes de prancha, tem de se profissionalizar e aprender suas potencialidades em marketing, negócios, organização de eventos, gerenciamento de carreira e assessoria de imprensa para ser bem sucedido", ensina.
Para se dedicar exclusivamente ao esporte, Bzinho tem sua imagem relacionada a várias grifes e conta com o patrocínio de marcas como Lost (roupas), Hot Buttered (óculos), X Trax HD (câmeras de ação) e Dropboard (pranchas), com a qual ele tem um modelo assinado de mountainboard que ajudou a desenvolver. Com todo esse know how, Bzinho ainda ganha para produzir pistas e eventos da modalidade tanto para iniciação como alta performance, e atualmente trabalha no projeto de desenvolvimento de uma escola de mountainboard do skatista hexacampeão mundial Sandro Dias, o Mineirinho, em seu novo complexo de esportes radicais em Bragança Paulista, ao lado da represa.
Nos Estados Unidos, Europa e até na Rússia, milhares de praticantes treinam para eventos internacionais, mas segundo Bzinho, poucos brasileiros têm a performance de Thiago Solon, filho do pioneiro do esporte no país para encarar de frente feras como o britânico Tom Kirkman, o maior nome do esporte que já esteve no Brasil por três oportunidades.
Mais do que simplesmente descer ladeiras, o mountainboard é subdividido em diferentes modalidades como Free Ride (descidas livres sem obstáculos construídos), Downhill (individuais em terrenos como grama, terra, paralepípedo ou asfalto contra o relógio), Slalom (corrida individual ou em duplas demarcado por cones, ou bandeiras), Boarder Cross (em duplas, ou equipes com vários obstáculos), Slope Style (em pista com leve inclinação onde deve se aproveitar os obstáculos), Big Air (saltos em grandes rampas), Step Up (salto em altura), Kiteland (em que se utiliza um paraquedas 'kite' para gerar velocidade), Jibbing (ou street com manobras de solo em ambiente urbano) e por fim o Parks, no qual se é puxado por cabos para realizar manobras.
Para quem está começando, já existem diferentes pistas em vários estados, mas o conselho do campeão é de se começar em terrenos gramados com pouca inclinação, boa área de escape e poucos obstáculos naturais como pedras e árvores no trajeto. "De imediato também aconselho o uso de todos os equipamentos de proteção (capacete, joelheira, cotoveleira e luvas), pois tombos são inevitáveis", avisa. Apesar do alerta, ele próprio se vê constantemente em situações de grande risco. "Antes de 'me jogar', porém, eu avalio bem as possíveis consequências e meço todas as possibilidades", diz. "Mas normalmente eu me jogo mesmo", ri, se contradizendo.

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