quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Em busca de boas imagens, fotógrafo do surfe diz que encarou até tubarões


Imagem de pôr do sol na praia a partir da areia com lentes teleobjetivas criando perspectivas de cores e nuances em trabalho de característica própria do fotógrafo

"Uma lente na praia no meio do público não conta nenhuma novidade, apenas registra a visão que todos tem do local. Por isso eu entrei na água, para aumentar a emoção do esporte", revela o fotógrafo submarino Alberto de Abreu Sodré, o Beto Cação, de 53 anos, um dos pioneiros em fotos de surfe dentro do mar. Ele inaugurou nesta segunda-feira a exposição Photo Grafias na Mercearia São Roque, nos Jardins, em São Paulo.
Alberto foi um dos precursores da utilização de um equipamento indispensável para fotos submarinas, as caixas estanque (caixas acrílicas transparentes vedadas para uso fotográfico), e revolucionou a utilização dessa técnica em busca de imagens de alto impacto. Por isso, ganhou um dos seus apelidos: A Lenda.
Lendário ou não, Alberto tem muitas histórias para contar, sendo várias delas emocionantes e arriscadas, como quando tomou uma série (de ondas) na cabeça na baía de Waimea no Havaí, ou quando saltou de helicóptero para mergulhar de pernas cruzadas no mar e sentiu na pele (e nos ossos) o impacto de cair na água de uma altura tão grande.
Toda essa audácia, e o resultado final dos seus trabalhos lhe garantiu espaço como para registrar seus feitos em revistas como Fluir, Hardcore, Alma Surf, Náutica, Veja e as estrangeiras Surfer, Surfing e Life Japan.
A importância do mar na vida de Alberto é tamanha que ele mesmo chama o local de "lar". E não é para menos. Sua forma de captar imagens debaixo dágua em grande velocidade ao redor dos surfistas lhe valeu o apelido carinhoso de Beto Cação, por aparentar um tubarão antes de atacar sua presa.
Esses vorazes predadores marinhos também já foram encarados olho a olho, ou olho a lente por Cação, que já teve a presença de tubarões em muitas situações.
A qualidade das suas imagens é tão relevante que foi eternizada nos livros Aremiti Ombak Nalu – O Desafio Máximo de Um Surfista, e ainda lhe garantiu o prêmios Best Print Magazine da Associação dos Surfistas Profissionais por suas imagens de alto impacto.
  • Alberto de Abreu Sodré/Divulgação
Embora os consideráveis avanços da fotografia digital, Beto Cação vê diferenças entre os dois formatos: "Na foto digital você tem mais controle sobre a luz, as imagens ficam mais próximas do que o olho humano vê, mas o tom da pele continua sendo melhor o da analógica", avalia Cação.
Luz, sombra e nuances são características predominantes do trabalho desse grande nome da fotografia de esportes radicais do Brasil, que além de caixas estanques, lentes teleobjetivas de longo alcance também utiliza as modernas mini câmeras de ação, principalmente em carros de Fórmula Truck, asa delta, parapente e até no surfe. "Elas dão um realismo que só pode ser conseguido com essas pequeninas", diz.
Mas sobre a questão de que atualmente o preço e a facilidade em se adquirir um equipamento fotográfico popularizou a profissão, Alberto deixa a resposta por conta de sua esposa e assessora, Rebeca Salzberg: "Qualquer um pode cozinhar, mas chefs são poucos" diz ela. "Tem uma história que Alberto adora que é sobre uma senhora que fala para um fotografo – Nossa sua máquina deve ser ótima, você faz fotos lindas...Por sua vez o fotógrafo responde: nossa seu fogão deve ser ótimo, sua comida é excelente", comenta.

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