domingo, 3 de março de 2013


Antes do Mundial, skatistas se aventuram no Parque de Madureira


Entre profissionais, amadores e fãs, guarda municipal - skatista nas horas vagas - faz a segurança do local e promove a interação entre as pessoas



Por Ana Carolina FontesRio de Janeiro

Lugar de samba até de manhã e ginga em cada andar, cercado de luta e suor, como diz o mestre Arlindo Cruz, Madureira também se transformou em um parque de diversões para os amantes do esporte. Antes da estreia na etapa carioca do Mundial de Skate Vertical, de sexta-feira a domingo, brasileiros e estrangeiros resolveram conhecer o "oásis verde" da Zona Norte do Rio. Eles se aventuraram pelas rampas e pelos obstáculos de street, conheceram skatistas locais e fizeram a alegria de crianças, que veem muitos deles como ídolos. É o caso de Andy Macdonald, lenda da modalidade e personagem de diversos jogos de videogame, e Pedro Barros, jovem de 17 anos que vem dominando o circuito mundial.
Pedro Barros anda de skate no Parque de Madureira no Rio (Foto: Fernando Sotello/AGIF)Pedro Barros faz manobras radicais no Parque de Madureira, Zona Norte do Rio (Foto: Fernando Sotello/AGIF)
Recordista de medalhas nos X Games, com 22 no total, sendo oito de ouro, o americano Andy Mac deu um show de manobras no Parque de Madureira, um centro de lazer que ainda conta com playgrounds, academia ao ar livre e quadras de vôlei, basquete e futebol.
- É muito bom estar de volta ao Rio de Janeiro, especialmente, com este novo parque, um presente para a comunidade. Venho ao Brasil há 20 anos e nunca tinha visto algo parecido, as cascatas, o playground, a ciclovia e, é claro, esse parque fantástico para o skate, com boa iluminação. Na próxima vez que eu vier, vou dar uma passadinha por aqui, é um lugar para toda a família - contou o veterano de 39 anos, terceiro colocado da etapa carioca do Mundial de Vertical, no ano passado.
A presença do astro surpreendeu Patrício Nogueira, de 14 anos, que deu os primeiros passos no esporte depois da inauguração da área de lazer, no subúrbio carioca.
- É maneiro andar com o cara do videogame, o Andy é muito bom. Sou fã do Pedro Barros também, nem acredito que ficamos lado a lado no bowl. Sou novo no skate, comecei no ano passado e acredito que quanto mais parques forem construídos, mais crianças vão começar no esporte - disse Patrício.
Andy Macdonald dá autógrafo para Patrício Nogueira no Parque de Madureira skate (Foto: Ana Carolina Fontes)Andy Macdonald dá autógrafo para Patrício Nogueira
no Parque de Madureira (Foto: Ana Carolina Fontes)
Nos Estados Unidos, por exemplo, alguns parques, conhecidos como Woodwards, se tornaram um celeiro de atletas após a inclusão de esportes radicais em seu programa de atividades. O primeiro camping foi aberto no verão de 1970 apenas para a ginástica artística, com toda a infraestrutura necessária. Em 2008, os donos dos parques viram em modalidades como o skate e o BMX uma opção para atrair os jovens. Foram construídas rampas de todos os tipos (de minimegarrampa a pistas de terra), além de corrimãos e obstáculos que simulam o ambiente urbano. E foi assim que surgiram fenômenos, como Mitchie Brusco e Jono Schwan, destaques do Mundial no Rio.
- O surgimento dos parques nos Estados Unidos tem tudo a ver com a descoberta dos talentos. Temos as melhores instalações ao nosso dispor, diferentes tipos de rampas e tecnologias. Costumo ir muito aos Woodwards, e percebo a minha evolução - destacou Jono, vice-campeão mundial em 2012, desbancando feras como Bob Burnquist e Sandro Dias.
Guarda municipal e skatista, Daniel é destaque em Madureira
Daniel Firmino skate guarda municipal parque de Madureira (Foto: Ana Carolina Fontes)Guarda municipal e skatista,Daniel Firmino posa no
Parque de Madureira (Foto: Ana Carolina Fontes)
Em meio a skatistas profissionais e amadores, um figura chama a atenção no Parque de Madureira. Guarda municipal, Daniel Firminino nutre há 15 anos uma paixão pelo skate. Transferido após um incidente envolvendo um guarda, que agrediu um jovem no local, em julho de 2012, ele alia o trabalho ao esporte. Fardado, Daniel cuida da segurança pública e promove a integração social, sem deixar de se arriscar pelas pistas. Em alguns momentos, vira até instrutor de crianças e adolescentes.
- Conheço 80% dos skatistas que vêm ao parque e faço amigos todos os dias. Moro em Campo Grande, mas estou sempre em Madureira, mesmo quando estou de folga. Costumo dizer que sou um skatista que se tornou guarda. Sou autorizado a andar de skate de uniforme, é uma forma de interagir com todo mundo - contou o guarda, que vê o espaço como lugar ideal para formar atletas de alto nível. 
Confira a programação completa da etapa carioca do Mundial de Vertical:
Sexta (treino e classificatórias)
11h - 13h - Treino livre
13h - 13h45m Bateria 01 - Treino
13h45m - 14h30m Bateria 02 - Treino
14h30m - 15h15m Bateria 03 - Treino
15h20m - 16h10m Bateria 01 (12 minutos aquecimento + 3 voltas/13 paredes)
16h10m - 16h50m Bateria 02
16h50m - 17h30m Bateria 03
17h30m - 18h30m Treino - 12 atletas pré-qualificados
Sábado (semifinais)
09h - 10h - Treino Livre
10h - 10h40m Bateria 01 - Treino
10h40m - 11h20m Bateria 02 - Treino
11h30m - 12h20m Bateria 01 (15 minutos aquecimento + 3 voltas/13 paredes)
12h25m - 13h15m Bateria 02 (15 minutes aquecimento + 3 voltas/13 paredes)
13h30m - 17h - Treino Livre para os finalistas
Domingo (final) - Esporte Espetacular
8h30m - 9h45m Treino
10h - 10h45m Final
Ex-musa do bodyboard, Dani Freitas vive rotina pesadae brilha no Figure





Brasileira compete pelos Estados Unidos em variação do fisiculturismo, que exige músculos, corpo proporcional e feminilidade, sem perder o sorriso

Carol Barcellos e Gabriel FrickeRio de Janeiro




Mãe de dois filhos, bicampeã mundial de bodyboard, em 1996 e 1997, e ex-modelo, a carioca Daniela Freitas brilha agora no fisiculturismo. Aos 39 anos, ela atua desde agosto como profissional na categoria Figure, em que a atleta tem que ser musculosa, mas manter o corpo proporcional e, principalmente, não perder a feminilidade. Nos torneios, ela tem apenas 20 segundos para mostrar tudo isso e convencer os jurados.

E a preparação é dura. São duas horas de malhação pesada, de segunda a sábado. Descanso? Só no domingo. O programa de Dani Freitas consiste em exercícios aeróbicos, aparelhos com altas cargas de peso, alongamentos e saltos. Como complemento, ela toma aminoácidos, antes e depois das atividades. A alimentação também é regrada. São seis refeições diárias, de três em três horas. Comer o que der vontade, só uma vez por semana.
- Quando a fome bate, não tem essa de 'vamos esperar um poquinho'. Eu tenho que comer. A dieta não é boa, mas malhar... Ah, me sinto bem, me sinto feliz - comentou a simpática carioca.
Daniela Dani Freitas (Foto: Gabriel Fricke)Dani ainda pega onda, mas apenas como hobby
(Foto: Gabriel Fricke)
Quem pensa que Dani vive para o Figure, engana-se. Além de treinar, ela leva uma rotina bem pesada no Havaí. Com dois filhos e sem empregada, é ela quem cuida da casa. No domingo, seu dia de descanso da malhação, ela passa quatro horas cozinhando as refeições que terá de comer durante a semana.
- Acordo, levo para a escola e volto. Fico duas horas malhando. É isso. Aí eu tenho que fazer a comida de casa, limpar banheiro. Cinderela! Limpo a casa, faço comida, cuido das crianças, faço meu treino e trabalho - revela Dani, que ainda dá aulas para mulheres em uma academia.

A carreira no Figure começou quando Dani recebeu um convite para posar para uma revista masculina, em 2006. Para ela, seu corpo era muito magro. Por isso, decidiu que queria ficar mais forte para sair bem.
Eu vi que, quando comecei a malhar, meu bumbum aumentou, meu ombro também"
Dani Freitas
- Eu vi que, quando comecei a malhar, meu bumbum aumentou, o ombro também. Vi umas mudanças que eu gostei. Meus amigos falaram: por que você não compete no Figure? E eu falei: o que eu tenho que fazer? É só fazer uma dietinha, treinar um pouco mais forte - comentou a atleta, que atualmente mora no Havaí e é casada com o ex-bodyboarder Lanson Ronquilio.
O cabelo mudou. Do loiro queimado de praia para o preto que, segundo ela, é a preferência dos jurados nas competições. O corpo de menina, da época do bodyboard, deu lugar aos músculos. Mas o sorriso, que ficou célebre na época em que era musa na praia e brilhava na geração que ainda teve a jornalista Glenda Koslowski e as irmãs Nogueira, continua o mesmo.

- Minha marca registrada no bodyboard era o sorriso. Eu pegava onda rindo, me zoavam, mas enfim... Levei isso para o palco também - garantiu a morena.
Montagem - Daniela Dani Freitas (Foto: Editoria de arte)À esquerda, Dani sorri na época como bodyboarder. À direita, mostra concentração e corpo musculoso de competidora do Figure (Foto: Editoria de arte)
Apesar disso, as reclamações sobre seu corpo de fisiculturista são muitas. Dani afirma que os amigos do Brasil, os fãs nas redes sociais, o marido e até ela mesma preferem o visual de bodyboarder. Mesmo assim, se diz feliz com a mudança.
- Sempre que estou aqui no Brasil, eu recebo reclamação. Recebo muita reclamação pelas redes sociais. Eu acho que até eu prefiro a Dani bodyboarder. Eu acho assim, eu mudei muito, o visual é muito diferente. Mas tem coisas que eu gosto: um pouquinho mais de bumbum, as costas e o ombro. Eu estou feliz assim, mas se tivesse que escolher o que acho mais bonito... Acho que é mais natural a mulher não ser tão dura - concluiu.