Fotógrafo de skate que influenciou jovens de Dogtown pode vir ao Brasil
Jay Adams, um dos originais Z-Boys, em 1978 Jim Goodrich
Ele ensinou a importância de ver de perto uma cena, e criou um estilo que foi seguido pelos principais fotógrafos de esportes radicais do mundo. Estamos falando do lendário fotógrafo americano Jim Goodrich, que registrou momentos clássicos dos principais skatistas do mundo desde o tempo de Dogtown, e que planeja vir ao Brasil em novembro (a confirmar) para conferir um evento mundial de skate no Rio de Janeiro e participar do Festivalma - festival de arte e cultura surfe e skate em São Paulo.
Assim como Craig Finneman e CR Stecyk III, Jim Goodrich faz parte de um seleto grupo dos mais conceituados fotógrafos de skate de todos os tempos, e até hoje influencia os principais profissionais de fotografia do Brasil e do mundo.
"Quando eu comecei a andar de skate, em 1976, eu desci uma calçada em um skate feito a mão, com shape (prancha) de alumínio, eixos de patins e rodas duras de plástico com bilhas (em vez de rolamentos)", conta. "Nesse tempo o skate não era tão popular, e depois de um tombo em Balboa Park fui parar no hospital. A queda resultou em um mês e meio com um braço e o punho quebrado, e me motivou ainda mais a captar imagens de skate", recorda.
Mas foi uma segunda queda, em outubro do mesmo ano, que mudou completamente o seu rumo, depois que seu chefe na empresa onde trabalhava como assistente o mandou embora, depois de mais duas semanas hospitalizado.
"Andar de skate era algo proibido nessa época e, por isso, a cada dia descobríamos novos locais secretos, como piscinas abandonadas e ruas desconhecidas", lembra.
Jim e outros skatistas eram frequentemente presos por invadir residências em Kona Bowl, reservatórios em Escondido, Rancho Bernardo, Imperial e outros, mas como seu irmão era policial, conseguia rapidamente sua soltura.
No final desse mesmo ano, a grande cena do skate na Califórnia era La Costa, onde ocorriam os grandes campeonatos de slalom, com campeões como Bob Skoldberg, Bobby Piercy e Henry Hester, Kim Cespedes, Steve Cathey, Ellen Oneal, Laura Thornill, Ty Page, Bruce Logan e até Warren Bolster, o editor da lendária e extinta revista Skateboarder, que logo viu os trabalhos fotográficos de Jim, e não demorou em contratá-lo como estafe da revista.
"Ele é o fotografo de skate que influenciou toda uma geração de fotógrafos de ação, com o lance de fotografar skate com uma grande angular, colado na cena, na manobra, foi assim que eu aprendi", disse André Sader, que foi fotógrafo da revista Yeah! Skate, e atualmente faz fotos autorais e estudos mesclando fotografia e modelagem 3D.
Outro nome reconhecido da fotografia brasileira de skate que seguiu os passos do mestre Goodrich foi Shin Shikuma, que também foi editor de fotografia da revista Yeah! e Tribo Skate, e atualmente colabora com o UOL.
"Sem dúvida alguma Jim é um dos melhores fotógrafos desse segmento, e a paixão pela utilização de lentes fish eye (grande angulares), assim como a minha razão para virar fotógrafo nos anos 80, veio da leitura 'bíblica" da revista Skateboarder com as fotos dele", confessa.
Prova desse sucesso é que, atualmente, Jim passa os dias dando mais de três entrevistas ao dia para a imprensa mundial, enquanto prepara seu primeiro livro, que não deve ser uma autobiografia – como ele próprio diz, mas um trabalho autoral, principalmente da fase áurea, de 1976 a 1986. Para Jim, "a vida é uma aventura, por isso nunca devemos parar de continuar a explorar e descobrir novas coisas e lugares. Ande de skate de divirta-se".
Além da Skateboarder magazine que o projetou ao mundo, Jim foi editor de fotografia da Transworld Skateboarding Magazine (TWS), e já foi tema de matérias na concorrente revista Thrasher.
Entre os ícones que foram focados pelo seu olhar preciso e próximo da ação estão Tony Alva, Stacy Peralta, Steve Caballero, Gregg Weaver, Tom Inouye, Mike McGill, Duane Peters, Eddie Elguera, Alan Gelfand, Christian Hosoi, Rodney Mullen e Tony Hawk, para citar apenas os mais conhecidos de um universo de milhares de nomes de grande importância para o skate mundial.
"É uma lenda viva da fotografia quando se fala de skate, seus cliques tornaram-se imagens clássicas com o poder de influenciar na evolução do próprio esporte", comenta Petrônio Vilela, que produz fotos há 38 anos e já atuou em revistas como Visual Esportivo, Brasil Skate, Overall, Trip e V Sports.
Já para Diorandi Nagao, o Didi, que acompanha o trabalho de Jim desde a infância, e atualmente organiza e fotografa carros antigos e cultura vintage da Kultura Kustom "sem dúvida, para mim, ele é o melhor de todos. Foi o pioneiro que registrou e divulgou o skate e criou lendas que residem em nossas memórias até hoje" exalta-se ao saber da possível vinda do especialista em fotos de ação.
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