Idosos ignoram ossos quebrados e se divertem com risco de esportes radicais
"Tamo aí na atividade". A frase emblemática da canção do Charlie Brown Jr. não poderia ser mais atual e adequada, ao menos no que se refere aos incríveis "senhores" dos esportes radicais, que independentemente da idade, encaram riscos que os mais jovens normalmente temem.
Há duas semanas, o empresário José Leone Creazzo, dono das marcas de skate Tracker e Six Trucks, celebrou 60 anos de idade e, para festejar, reuniu os amigos radicais em uma festa no seu "clubinho" particular no bairro da Saúde, com a presença de skatistas, surfistas, grafiteiros, wakeboarders, snowboarders, djs, gatas e vários campeões.
Leone pratica motovelocidade, anda de skate, surfe, wakeboard, skate a motor e snowboard e apoia sua filha Fernanda, de 26 anos, a descer as ladeiras do Ipiranga com seu skate longboard.
Em entrevista para o UOL Esporte, Leone afirma que "o que difere o jovem do velho é apenas a saúde, e não a idade." Leone já sofreu mais de 40 acidentes de moto, muitos de snowboard e wakeboard (que segundo ele são inevitáveis), e graças ao skate já chegou a fazer uma cirurgia no úmero, osso do braço. Nada que o impedisse de seguir em frente. "Se você quer qualidade de vida em sua velhice, mexa-se!. Não tenha dó do seu corpo, os frutos a serem colhidos são gratificantes", afirma.
Ao lado dele, seu gerente de vendas, Cláudio Centofante não deixa por menos. Aos 65 anos de idade é um dos praticantes de esportes radicais de maior tempo de estrada no Brasil.
Claudinho, como é conhecido, abandonou o tênis e a maratona para andar de skate, wakeboard e snowboard e mesmo depois de muitas quedas também não desistiu de continuar a fazer o que mais gosta. O "jovem" skatista sexagenário acha engraçado quando conta quantas velinhas já soprou de aniversário e as pessoas dizem: "Quando chegar na sua idade quero fazer um terço do que você faz", ri.
"Andar de skate não faz de você um skatista – não conseguir parar de andar de skate é o que faz de você um skatista", declara o produtor de TV, editor e redator do canal Woohoo, Cesar Augusto Diniz Chaves Filho, o Cesinha, de 58 anos.
Cesinha, que tem uma filha de 15 anos, Alice, já encarou as ondas do surfe, as montanhas do snowboard, mas foram as curvas do concreto do skate que mais o seduziram. Apresentador de programas lendários dos esportes radicais como Vibração e também do Realce, considera que praticar essas atividades serve de válvula de escape e brinca ao falar sobre tombos.
"Faz parte, ou partes, dependendo da queda", sorri. Sobre sua expectativa de continuar praticando skate no vertical, Cesinha é rápido na resposta: "Essa é fácil, copiei do Tony Hawk – vou andar de skate até quando meu corpo aguentar – o que pode ser amanhã....", finaliza.
Velhinhos gringos também radicalizam
Em 2010, a revista americana Senior for Living publicou uma lista com diferentes personagens que tinham a partir de 60 anos de idade, continuavam a desafiar os riscos e inspiravam novas gerações.
O primeiro deles era de um grupo de experientes paraquedistas com idades que variavam entre 60 e 80 anos. Eles criaram o grupo SOS e conseguiram bater o recorde mundial de formação em queda livre com 48 integrantes em Leland, na Flórida.
Outro caso interessante é do médico holístico Albert Leung, de 70 anos que continua a descer as montanhas com seu snowboard, bem como o mestre George "Banana" Blair, de 92 anos, atirando-se na água para continuar a se divertir com esqui de pés descalços.
Com 89 anos, John Zabotocky ainda parece um menino ao dropar as imensas ondas do Havaí, assim como Min Bahadur Sherchan, que conquistou o ponto mais alto do planeta, o monte Everest aos 76 anos e entrou para o livro dos recordes, o Guiness.
A mesma montanha ficou pequena para o japonês Yuchiro Miura, que aos 80 anos conseguiu repetir a dose sem medo de ser feliz. Miura já havia escalado os 8.848 metros de altura aos 70 e aos 75 anos de iade.
No caso de Jean Pierre Gaston, o que ele prefere mesmo é "mandar pra baixo" e se atira de pontes com seu bungee jump, com todo apoio de sua esposa.
No asfalto, o americano Lloyd Kahn, aos 76 anos não teme continuar a andar de skate, assim como foi o lendário Larry Stevenson, fundador da marca Makaha, e inventor do kicktail (rabeta) do skate que andou até os 81 anos, e faleceu no ano passado, na Califórnia.
A revista Surfing for Life (surfe por toda a vida, em tradução livre), do geriatra Roy Earnest, por sua vez, apontou o surfista John Heath Ball, de 94 anos como um candidato a surfista centenário, já que Woody Brown, que surfou até os 90 anos, faleceu recentemente aos 96.
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