Sem pista oficial no Brasil, seleção de
BMX busca bom resultado no Mundial
Campeonato ocorre esta semana na Holanda, mas principal objetivo dos atletas é a melhoria da estrutura. Circuitos do Brasil têm rampas com metade do tamanho oficial
Imagine uma seleção de futebol de campo treinando no salão. É mais ou menos essa a sensação dos melhores pilotos do Brasil no ciclismo BMX, que competem no Campeonato Mundial da modalidade neste sábado. O esporte, caçula das modalidades olímpicas, entrou no programa em 2008, nos Jogos de Pequim. Seis anos depois, ainda não existe sequer uma pista oficial para que os atletas brasileiros treinem no país:
- Não é a mesma coisa. Queria treinar perto de casa todo dia, mas não dá. Ou a gente treina no Brasil em pista que não é adequada, ou a gente vai para fora. Estamos bem ansiosos para nossa pista ficar pronta - explicou Renato Rezende, principal piloto do país da atualidade e destaque da equipe brasileira no Mundial em Roterdã, na Holanda.
Diferença na largada entre as pistas de Bicicross (esq) e Supercross( dir) (Foto: Globoesporte.com e UCI)
Existem dois tipos de pista de BMX: a de Bicicross, com vários circuitos no Brasil; e a de Supercross, que é disputada nos Jogos Olímpicos e inexiste no país. A primeira é um pouco menos radical, com rampas de até 5m de altura. A segunda é um circuito mais curto, mas com descidas bem maiores, de até 10m. O tamanho do pórtico de largada é diferente. No circuito olímpico é de 8m, o dobro de uma pista de Bicicross. Isso modifica a velocidade de todo o percurso:
- São duas coisas totalmente diferentes. Em um, nossa velocidade pode chegar a 70km/h, na outra não passa dos 50km/h. Muda tudo - resumiu Renato.
Tamanho das rampas é bem diferente. No bicicross ( a dir) e Supercross (esq) (Foto: Divulgação/CBC e Divulgação/UCI)
O objetivo da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC) é construir uma pista nos moldes olímpicos até o fim do ano, em Londrina (PR). Francisco Cusco, diretor do Departamento de Alto Rendimento da CBC, explica que a entidade já fez o que cabia a ela:
- Não é uma obra longa. A construção em si demora de 8 a 10 semanas. A gente quer terminar ela ainda esse ano, mas é um processo licitatório. Se as empresas não se candidatarem, pode atrasar tudo. Toda a parte da Confederação, que era preparar o projeto, já foi feita - disse o dirigente.
A solução da entidade, por enquanto, é proporcionar intercâmbio para os principais pilotos do país. Os seis melhores brasileiros passaram o primeiro semestre inteiro nos Estados Unidos e na Suíça, centro da União Ciclística Internacional (UCI). Francisco, todavia, não tem tanta certeza do término da pista ainda este ano:
- Se a gente não vencer essa burocracia, vai estender o projeto de intercâmbio - disse o dirigente.
Renato Rezende é o principal atleta do Brasil na modalidade (Foto: Comitê Olímpico Brasileiro)
Local da pista a ser construída Londrina é a cidade natal de Julia Alves, atleta brasileira de 17 anos, que vai disputar o Campeonato Mundial na categoria júnior. Com a expectativa de ficar entre as oito primeiras colocadas na competição holandesa, a piloto espera poder treinar no Brasil:
- Estou ansiosa para essa pista ficar pronta, porque vai beneficiar muito a mim e ao restante dos pilotos. Será muito bom poder ter uma pista no país - disse a jovem atleta.
Campeonato Brasileiro foi disputado em pista diferente do Mundial (Foto: Ivan Storti/CBC)
Para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, será construída uma pista no parque radical, em Deodoro, e a obra está prevista para terminar no início de 2016.
A seleção brasileira já está na Holanda para a disputa do Mundial. O time é composto por Renato Rezende, Rogerio Reis, Miguel Dixini, Priscilla Carnaval, Julia Alves e Anderson Ezequiel. O melhor resultado da história do país foi conquistado por Squel Stein, sétima colocada na competição em 2012.
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