Do alto do half-pipe armado na Praça do Ó, na Barra da Tijuca, Pedro Barros é aplaudido de pé após executar
a melhor apresentação das eliminatórias no Mundial de Skate Vertical do Rio de Janeiro, nesta sexta-feira. De punhos cerrados, o catarinense de 16 anos de idade comemora, exibindo o símbolo da parceria que o levou àquele momento: uma tatuagem que apenas ele e o pai, Andre, marcaram na mão para eternizar a relação que tem sido a fonte do sucesso dessa sensação do esporte brasileiro.
Pedro e Andre Barros exibem as suas paixões: o skate e a família (Foto: Alexandre Durão/Globoesporte.com)
"Barros RTMF". As tatuagens que os dois mostram na foto acima são uma homenagem à família e ao lugar no qual tudo começou e ainda acontece: o bairro Rio Tavares, onde fica a casa dos Barros em Florianópolis.
- Começamos a andar juntos, quando o Pedro tinha um ano de idade. Eu já pegava onda, mas passei a praticar o skate por causa dele. O tempo foi passando, ele evoluía muito rápido, mas não tinham pistas de skate na cidade. Então resolvemos construir um bowl para ele no nosso terreno - explicou Andre.
Em casa, Pedro decola no bowl (Foto: Divulgação)
Com a pista em forma de uma piscina oval no quintal de casa, a evolução foi ainda mais rápida. Vieram inúmeros títulos em campeonatos amadores até Pedro completar 15 anos e se tornar um dos skatistas profissionais mais jovens da história. Em 2010, ele conquistou a medalha de ouro na modalidade park dos X-Games, as Olimpíadas dos esportes radicais. Hoje, o catarinense é bicampeão do circuito mundial de bowl, a sua especialidade, e apontado como o sucessor de Sandro Dias e Bob Burnquist no vertical.
- Devo tudo ao meu pai. Ele sempre esteve ao meu lado. Sem ele, eu não estaria aqui, vivendo esse momento na minha carreira - agradeceu Pedro.
Andre acompanha o filho único em todas as viagens, enquanto a mãe, Larissa, fica tomando conta da casa. A última delas foi para a Oceania, de onde Pedro voltou com três títulos do mundial de bowl na bagagem. O primeiro foi na Nova Zelândia e os outros dois, em Manly e em Bondi, praias da cidade de Sydney, na Austrália, famosas para a pratica do surfe, a outra paixão dos Barros.
- Antes de o Pedro nascer, eu sempre viajava para pegar onda. Agora nós somos parceiros de surfe. Sempre levamos nossas pranchas para os lugares com praia que ele compete e aproveitamos para surfar também - disse Andre.
Pedro e André caminham nas areias do Peru. Ao lado, pai (topo) e filho radicalizam nas ondas da Nicarágua
(Foto: Arquivo Pessoal)
A história dos Barros é semelhante a da família de outra jovem realidade do esporte brasileiro: Gabriel Medina, de 18 anos, o maior nome do surfe nacional na atualidade. Assim como Andre e Pedro, Medina vive uma relação de parceria com o padrasto, Charles, que treina e o acompanha em todas as etapas do circuito mundial desde o início da carreira.
Pedro foi o melhor nas eliminatórias do Rio Vert Jam
(Foto: Alexandre Durão/Globoesporte.com)
- Apesar de nós ainda não os conhecermos pessoalmente, o Pedro e o Gabriel se respeitam muito e conversam pelo Twitter. Existe essa afinidade. Tenho certeza que logo esse encontro vai acontecer. Quem sabe a gente não marca de andar de skate e depois pegar umas ondas? - brincou Andre.
Neste sábado, Pedro e Andre estarão no Posto 3 da praia da Barra da Tijuca, mas não para surfar. O catarinense e outros 19 craques das quatro rodinhas vão brigar por nove vagas para a final do Rio Vert Jam, na Praça do Ó. O jovem de 16 anos vai encarar nomes consagrados, como Bob Burnquist, Sandro Dias 'Mineirinho', Andy MacDonald, entre outros, na primeira competição do circuito mundial de vertical, em 2012.
O SpoTV transmite ao vivo as semifinais do evento, a partir das 13h40, e a TV Globo, a decisão, dentro do Esporte Espetacular, no domingo.